domingo, 20 de dezembro de 2009

CARTA PARA O FILHO NA EUROPA

Eis um blog de fotografos, seus colegas daqui.





http://fotografosbrasileiros.blogspot.com/



E aí, filhão, como vai a vida por aí?



Por aqui continuo na condição de aposentado que fica morando em duas cidades e trabalhando em outras duas.



Parece mal de familia, essa de ficar mudando de endereço e viajando.



Se for, então tudo bem.



Tenho um objetivo, a de construir meu cantinho em Pinhal, e no futuro encontrar uma atividade que seja prazeirosa e possa me manter, até para fazer algumas viagens.



Por enquanto esse corre-corre é prá ver se chego lá. Vou pesquisando o que posso fazer pela frente. Me parece que a construçãozinha que estou fazendo será um curriculum positivo pois é algo que as pessoas poderão ver.



Já ouvi do pessoal onde compro material de construção que a casa está ficando bonita. É um bom sinal, pois esse pessoal é formador de opinião, e vão comentando aqui e acolá.



Não acertei com o marceneiro, pois ele entregou umas esquadrias mal acabadas. Optei pelo custo e me descuidei, mas estou renegociando com ele.



A gente aprende. A mania que tem algumas pessoas de fazer ele mesmo, verificar tudo detalhadamente, coisa por coisa, é o certo. Sempre que a gente faz corpo mole e deixa os detalhes para os outros, a tendencia é acontecer problemas. E com razão. Pois as pessoas, cada uma, está preocupada com suas coisas, e é raro que alguém se preocupe com as coisas dos outros.



Quando isso acontece, é uma descoberta, todo mundo quer essa pessoa. Essa pessoa que é detalhista, confere tudo, até conta e gorgetas em restaurante e divide proporcionalmente. O que seria um chato, e todos fogem dele, profissionalmente, é o mais procurado, e todos estão prontos a pagarem pelo detalhista. Principalmente as pessoas que não gostam de detalhes, de coisinhas, de conferir item por item... e daí que até pagam com satisfação quem faz isso para eles.



Eu não tenho na miha formação e ser detalhista e minucioso. Mas profissionalmente procuro fazer até o que é contrário a minha maneira de ser, pois sei que é inaceitável para as empresas as pessoas que não conferem seus trabalhos.



Veja como é interessante, uma cultura como a americana, onde o conferir "check" está presente em "check-in, check-out, checlk-list, etc", e na nossa cultura, a entrada e saida de um hospede num hotel, ou em viagens não tem essa palavra: conferir. Não se diz conferir entrada, conferir saída, e acabamos adotando esses termos em viagens.



Portanto, se vc ou qualquer pessoa, que é como eu, do tipo meio descuidado por detalhes, não podemos ser o nosso natural no trabalho. No trabalho, precisamos nos esforçar para ser meticuloso e detalhista, e entender que isso é UMA FERRAMENTA DE TRABALHO. Não é preciso mudar a personalidade, apenas entender que se trata de mais um treinamento, como o de usar os programas de computadores ou de adestramento para guiar carro, helicoptero, tanque de guerra, etc.



Pois é, a gente vai vivendo e aprendendo.
Já comprei passagem para Londres, mandei e-mail com meu roteiro, recebeu?
Um abração, filhão.
Mário

Festa da APAE de Sto Antonio do Pinhal, no dia 18
de Dezembro, na fazenda do João Correa, pai do nosso
Diretor Social Cristiano. Foi uma festa muito  bonita, com
grelhados,bebidas softs, palhaça voluntária e depois que se
transformou em mamãe  Noel. Teve até dois bolos, que sobrou
e as pessoas levaram prá casa.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

VIAJAR A VIDA TODA


Campo de lavanda, Provença, França



VIAJAR A VIDA TODA


Ao viajar experimentamos uma sensação muito agradável de leveza geral. Parece que as cargas que pesam sobre os nossos ombros desaparecem, desde o momento em que trancamos a porta da casa e guardamos a chave nos fundos de alguma parte da mala.

O humor reaparece mais presente e constante, a tolerância aos pequenos incômodos é visto com naturalidade e as situações inusitadas e fora do padrão costumeiro são aceitas sem muitas resistências.

Vive-se uma situação que favorece a sociabilidade e a aceitação do diferente.

Contudo, algumas pessoas, em suas viagens de lazer, se mantém conservadoras e não arredam pé de suas manias e procedimentos habituais. Reclamam dizendo que sentem falta dos confortos de sua terra, sua cidade, sua casa, seu quarto e seus pertences. São pessoas que nunca deveriam sair em viagens de recreio, pois nada tendo a aprender de novo se sentiriam melhor em suas rotinas. Isto é, na monotonia da mesmice.

Mas, vale a pena tentar entender essa momentânea euforia de liberdade trazidas pelas viagens de lazer.

Por que será que isso acontece conosco?

Analisando a situação, entendemos que viver com objetivos claros, dentro de um prazo estabelecido, parece ser o motivo desse período feliz. A viagem tem começo e fim bem definidos. Quando iniciada parece que a gente deixa-se levar por um roteiro elaborado, discutido, avaliado, e agora vivendo o momento da concretização.

Para a realização da viagem, um batalhão de pessoas, empresas e equipamentos serão colocados de forma coordenada e, em geral, de maneira muito eficiente. O turista não avalia, e muitas vezes nem quer saber, como tudo isso é coordenado e funciona. Apenas desfruta a tranqüilidade de que a estrutura básica da viagem será realizada nos termos e prazos contratados. Pode haver imprevistos, mas em geral a viagem se realiza à contento.

O fato de nesse período de viagem estarmos com objetivos bem definidos ( pontos turísticos a visitar) e roteiro básico bem visualizado, nos dá uma tranqüilidade que nos liberta do padrão de estado de alerta do dia-a-dia. O sentimento é de segurança. Paradoxalmente, numa situação de cenários novos e ausência de referencias de função e visuais das cidades que estão sendo visitadas.

Esse desvincular da realidade nos leva a comportamentos descompromissados. É comum aos turistas o uso de vestes diferenciadas do que normalmente usam. É possível que nas viagens, algumas cenas do cotidiano, normalmente despercebidas, sejam notadas com interesse incomum. Pode também acontecer das pessoas se tornarem mais comunicativas e com incrível rapidez estabelecerem amizades com pessoas que normalmente nem se cumprimentariam nos elevadores ou filas de bancos.

Enfim, parecemos outra pessoa nesse período.

E se percebemos que aquela pessoa, mais alegre, comunicativa, indagativa, curiosa e objetiva, voltou ao seu cotidiano sério, preocupado,ansioso e até alienado em relação ao seu entorno, a que devemos essas mudanças?

Se respondermos que seria o clima, o cenário e costumes das terras visitadas, provávelmente estaríamos com uma análise incompleta. Faltaria considerar o que foi colocado anteriormente, isto é, a de estar vivendo um período da vida onde os objetivos estão claros, tem começo e fim. Além disso, a estrutura para atingir esses objetivos foram delineadas com cuidado, antecipando-se a visualização do básico e eventuais alternativas secundárias. Isto é, viver com objetivos, programação e estratégia.

Poderíamos considerar que a nossa vida é uma sucessão de viagens, e que a vida toda é um grande momento de lazer. E podemos considerar a possibilidade de transformarmos o cotidiano menos repetitivo em algo mais interessante.

Resumindo, estaríamos reunindo duas afirmações.

“ A única coisa constante é a mudança”.

“ Tendo uma atividade profissional prazeiroza, não precisaremos trabalhar”

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Prazo de pai.

Dizem que prazo de pai é ilimitado. Discordo. O título de pai pode ser, mas SER pai é outra coisa. No meu caso, minha validade de pai foi algo em torno de 20 anos, quando me divorciei. Não há como continuar a ser pai sem ter filhos para cuidar todos os dias, todas as horas. Filhos dependem full-time dos pais quando pequenos, e até fazem disso uma exigência. Depois ensaiam serem independentes, até que conseguem. Nem todos.
Sempre me reconheci como um pai amador, e mais que isso, um pai ineficiente, um mero provedor. E reconheci que nunca deveria ter sido pai, talvez casado sem filhos. E assumir que eu era egoista, segundo a visão dos casados com filhos. Tive filhos, gosto muito deles, mas continuo sendo um pai meia-sola.
E que mal há nisso? Ser apenas provedor, hoje em dia, já é uma façanha. Afinal, segundo alguns dados, cada filho educado até a maioridade, custa cerca de R$700.000,00.
Além de pai, agora sou avô. E diferentemente da opinião corrente, não estou animado a me corrigir, e ser um avô babão. Talvez corrigir-me em coisas que deveria ter feito melhor, mas neto é coisa que a gente vê de vez em quando, pois quando a nora percebe muita babação, acaba transformando o vovô ou vovó em baby-sitter...
Ainda voltamos ao papo.

Esse garoto é o neto Pedro, meio mineiro, meio italiano
meio japonês, uns dois anos atras.